Ser quem somos de verdade talvez seja o maior desafio que enfrentaremos ao longo da vida.
Sei disso porque sinto que é um desafio enorme ser eu.
Não deveria ser assim, afinal, sou a alma que habita esse corpo, e sou o corpo que habita essa alma. Sou a mente inteligente e agitada que questiona tudo e que é preparada para resolver diversos problemas. Sou emoção e razão. Mais emoção que qualquer outra coisa.
Às vezes me pego pensando que gostaria de ser outra pessoa. Ninguém em específico, apenas outro alguém sem meus medos, anseios e limitações. Alguém mais magra, mais alta, alguém mais tranquila, menos ansiosa.
É claro que isso não é possível. Não posso simplesmente trocar de corpo, de coração ou de cérebro. Preciso aceitar, me aceitar, e não apenas as partes boas, mas também as ruins. Se eu não for capaz de fazer isso, quem será?
Engraçado que temos a facilidade gigantesca de aceitar e compreender as outras pessoas, mas não conseguimos ser legais com a pessoa mais importante de nossas vidas.
Sou capaz de compreender uma gama de problemas alheios, de me adaptar às mais diferentes personalidades. E ainda assim me critico por não ser mais assim ou assado.
Não sei dizer por que é assim que as coisas acontecem, ou se chegará o dia em que me aceitarei cem por cento. Mas é difícil compreender que, num mundo que busca a perfeição, não sou perfeita. É difícil lidar com coisas que não posso mudar e isso me causa raiva.
Minha mente é ansiosa demais. Ela também é linda, talentosa, mas ainda assim, agitada. E essa agitação me traz problemas e algumas vezes mal estar. Gostaria muito de ser diferente nesse aspecto, mas será que se eu fosse diferente, teria as mesmas características que prezo tanto? Eu poderia escrever com tamanha facilidade, criar histórias, mergulhar na vida de personagens fictícios ou reais e extrair deles suas emoções mais profundas? Eu seria capaz de emocionar as pessoas se fosse diferente?
Sei que amo isso em mim, e que amo ser alguém que está sempre disposto a aprender, a se renovar. Talvez isso venha acompanhado de altos e baixos emocionais às vezes, de cansaço mental. Mas eu gostaria mesmo de ser diferente e perder isso tudo? Provavelmente não.
Posso não amar meus defeitos, mas devo aceitá-los, compreendê-los, tentar melhorar no que for possível, porém, com gentileza.
Não devo ser minha própria algoz. Se sou boa em compreender os problemas alheios, devo tentar fazer o mesmo com os meus, tão mais próximos de mim.
Talvez um dia, aquilo que me machuca se vá para sempre.
Li em um livro que desafios são oportunidades disfarçadas. E se os problemas me fazem crescer como pessoa, devo agradecê-los por fazerem parte da minha vida.
Afinal, problemas vem e vão. Mas eu continuo seguindo em frente, buscando meu destino e vivendo da melhor maneira possível, amando e sendo amada.
Pois não é essa a cura para todos os males, o amor?
Texto real e sincerão sobre como me sinto às vezes, e bastante relacionado à meu problema com a ansiedade.